sexta-feira, 17 de junho de 2011

Em você, sem você

"Venha, varra a câmara do seu coração,
prepare-a para ser o lar do Amado.
Somente quando seu amor egoísta tiver ido embora
o Amado entrará.

Em você, sem você,
Ele apresentará suas maravilhas para todos verem."
- Mahmud Shabistari (1288-1340)

Poemas breves geralmente são assim, explosivos e muito significativos. Tenho a impressão que o ato de concentrar em poucas palavras o que poderia ser expresso em muitas e muitas linhas produz esse 'big bang', essa explosão de significação poética.

A verdadeira humildade de sentimentos é perceptível no trecho [o Amado entrará] 'Em você, sem você'. Normalmente para receber uma visita ilustre (um padre, uma autoridade, alguém influente, etc) preparamos a casa tendo em vista estar junto ao visitante para desfrutrar da companhia e de bons momentos. No entanto o Sr. Mahmud mostra que quando se tratando Do Amado (Deus) o sentimento genuíno é ainda mais reverencioso e pleno de humildade. Como um servo, prepara tudo com perfeição para que O Amado venha e desfrute do banquete que lhe é oferecido, mas respeitosamente se retira (algo como o 'não sou digno que entreis em minha morada' bíblico). Preparar algo para o próprio deleite é algo humano. Preparar algo para o deleite exclusivamente de outro é superior, é divino.

'Em você, sem você' também revela o processo de morte, transformação e renascimento. Na medida em que me liberto do meu amor egoísta, deixo de ser eu mesmo e passo a ser algo diferente. Morte e renascimento simultâneo. Existe uma esperança para que pelo menos este eu esteja presente para dar as boas vindas Ao Amado e serví-Lo diretamente.

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